Dor lombar

A abordagem do problema deve ser precedida pela consulta por médicos especializados que estabelecerão um diagnóstico mais preciso através do exame clínico e de exames complementares. É importante também a avaliação criteriosa do quadro clínico pelos fisioterapeutas, que levam em consideração as queixas específicas do paciente. Os profissionais da reabilitação procuram ajudar com  tratamentos  não medicamentosos, buscando a melhora da mecânica corporal através da ergonomia e da mudança de hábitos que causam dano à coluna. Aplicam em seu tratamento técnicas como RPG,  Kabat, FNP, osteopatia, liberação miofascial e cinesioterapia ativa, contando com importantes ferramentas como os métodos de  Pilates, Gyrotonic® e Corealign®, entre outras opções. Um bom profissional de Educação Física vai atuar também na prevenção e conscientização. Por ter um caráter multifatorial, a dor lombar deve ser tratada por uma equipe multidisciplinar, cujos profissionais focarão na melhora dos sintomas e na recuperação da função, evitando que a crise volte a se instalar.
O método Pilates, quando aplicado em clientes com dores lombares, utiliza os exercícios passivos num primeiro momento em uma amplitude de movimento confortável. Os exercícios ativos, executados com precisão e ajuda de profissionais treinados no método, têm como característica retreinar funções neuromotoras, reabilitando as áreas lesionadas e devolvendo a capacidade de desenvolver certas atividades perdidas devido à intensidade das dores. Essas técnicas permitem a ativação dos músculos que estabilizam a coluna, ao passo que devolvem a função numa amplitude de movimento livre da dor. A abordagem através de exercícios ativos parece ser mais eficaz, pois têm o potencial para modificar fatores físicos, tais como a intensidade da dor, atuando no controle motor, bem como os fatores psicológicos como, por exemplo, o medo de uma nova lesão.

Os aparelhos de mecanoterapia do ambiente Pilates têm a função de dar conforto ao paciente e de refinar as habilidades motoras, simulando atividades que levaram o indivíduo a ter a crise, de forma a abolir os padrões de movimento não saudáveis, através de muita repetição, de estímulos positivos e dicas que levem à harmonia corporal. Lise Stolze enfatiza a importância do uso do método  por fisioterapeutas como elemento terapêutico de reabilitação. 
O Método Pilates utiliza o aprimoramento das estratégias motoras através de dicas táteis, verbais e de imagens que reforçam os princípios de movimento, que são focados na organização biomecânica tornando o método mais eficiente. Este método, utiliza aparelhos (trapézio, reformer, chair, barrel e outros) em um ambiente assistido e controlado. Seus sistemas de molas e polias permitem o começo do tratamento pelo movimento passivo, evoluindo para os ativos num arco de movimento sem dor. 
O Pilates permite exercícios com a gravidade eliminada até a progressão para movimentos complexos e funcionais que trabalham a coordenação mais apurada. O foco do trabalho, segundo alguns pesquisadores, deve se concentrar mais na coordenação e menos em força real ou torque muscular, sugerindo que a força isolada dos músculos posturais não é tão valiosa quanto a sua coordenação integrada.

É preciso desenvolver a consciência de que a incidência da cronicidade de problemas na coluna lombar vem muitas vezes do manejo inapropriado do paciente no processo agudo, da falta de repouso durante o tratamento ou do fato de o paciente burlar as recomendações do profissional. Estes fatores têm como consequência o aumento da morbidade, gerando uma incapacidade produtiva temporária ou permanente, perpetuando o uso de medicamentos e tratamentos paliativos sem indicação médica, tornando-se, enfim, um grande desafio para profissionais de saúde.

As abordagens atuais incluem exercícios gerais, reeducação neuromuscular, terapias comportamentais, tratamentos medicinais, terapias manuais e complementares. Essa abordagem requer a atuação de uma equipe interdisciplinar, onde cada profissional contribui com sua especialidade e ajuda a identificar a origem e os fatores de persistência da dor. 
Pode-se dizer também que o comprometimento do cliente e paciente é de fundamental importância no seu processo de cura. Entender o seu problema e cooperar com o profissional de saúde, seguindo suas orientações, ajudará o paciente a minimizar o tempo de tratamento e maximizar o de recuperação. A saúde é um bem maior. Viver com dor é se privar de convívio social e tornar a existência bastante limitada, sem falar nas consequências com o envelhecimento e o declínio funcional. Sendo assim, é melhor prevenir que remediar, vamos nos cuidar, tornando a nossa existência mais saudável!!!

 Referências:

ANDERSON, BRENT D. Randomized clinical trial comparing active versus passive approaches to the treatment of recurrent and chronic low back pain.university of Miami,2005.Pollestarpilates Library( www.polestarpilates.com)

 COX, J. M. Dor lombar: mecanismo, diagnóstico e tratamento. 6. ed. São Paulo: Manole, 2002.

DAVIS, C. M. Fisioterapia e reabilitação: terapias complementares. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2006 (Capítulo 13)

 HODGES, P. W.; RICHARDSON, C. A. Contraction of the abdominal muscles associated with movement of the lower limb. Physical Therapy, v. 77, n. 2, p. 132-144,1997.

HODGES, P. W.; RICHARDSON, C. A. Inefficient muscular satabilization of the lumbar spine associated with low back pain.Spine, local de publicação?, v. 21, p. 2640-2650,1996. 
STOLZE, L. R.; ALLISON, S. C.; CHILDS, J. D. Derivation of a preliminary clinical prediction rule for identifying a subgroup of patients with low back pain likely to benefit from Pilates-based exercise. Journal of orthopaedic & sports physical therapy, v. 42, n. 5, p. 425-436, May 2012.


Fonte: http://www.isaudebahia.com.br/noticias/detalhe/noticia/e-como-cuidar-da-dor-lombar/
Autor: Selma França

Desequilíbrios musculares: fortalecimento, alongamento e relaxamento com o Método Pilates



       
Artrose, escoliose e hérnia de disco são alguns dos maus do século XXI que atingem uma grande parcela da população mundial, sem poupar os mais novos ou os mais velhos.

      São situações clínicas responsáveis por quadros limitantes ou incapacitantes, os quais afetam severamente a qualidade de vida de um indivíduo. Diante dessa realidade, é necessário questionar qual a origem desses distúrbios. De fato, causas exatas não podem ser atribuídas a grande maioria dos casos, isto porque, normalmente diversos fatores podem estar envolvidos. Dentre um destes fatores, pode-se destacar o impacto dos desequilíbrios musculares nas articulações e estruturas adjacentes.


A BIOMECÂNICA DOS DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES

       Os desequilíbrios musculares tornaram-se grande alvo de estudos e discussões dentro da Medicina Desportiva, como prováveis responsáveis pelo alto índice de lesões entre os atletas. Porém, boa parte dos estudos que se propõem a discutir o assunto não apresentam fundamentação científica (Klee et al, 2004).
      Sabe-se que a estabilidade corporal, responsável pelo alinhamento do corpo, é diretamente ligada ao controle do Sistema Nervoso Central (SNC), pelo feedback sensorial das estruturas osteoligamentares e pelo controle da musculatura ativa. Logo, qualquer disfunção em um desses fatores vai promover instabilidade, a qual será compensada pelo corpo de alguma forma. Uma dessas formas é causando um desequilíbrio entre músculos (Liebenson & Lardner, 1999). De modo que os músculos que são mais utilizados, seja em tarefas do dia-a-dia, seja por práticas esportivas, tornam-se mais fortes e mais encurtados. Por conseqüência, ocorre um enfraquecimento e estiramento dos músculos antagonistas (Christensen, 2000).
         O desequilíbrio muscular pode ser explicado pela diferença de força e flexibilidade entre grupos musculares que atuam sobre uma mesma articulação, isto é, ocorre quando determinado grupo muscular apresenta-se mais forte e/ou mais tensionado do que seu respectivo antagonista (Kollmitzer et al, 2000; Klee et al, 2004; Liebenson & Lardner, 1999).
       O desequilíbrio pode ser fator causador ou estar associado a diversos fatores, como: uso inadequado, repetição excessiva, má postura, postura antálgica, patologias articulares, patologias musculares, contraturas ou aderências, déficits neurológicos, desuso ou atrofia, prática indiscriminada de atividades esportivas, dentre outras (Stokes, 2000).
     Como fator causador, os desequilíbrios ocorrem, basicamente, pela promoção de um desalinhamento postural por alterar o posicionamento das estruturas ósseas ao aproximar origem e inserção (encurtamentos); ou promover sobrecargas excessivas em determinadas articulações ou parte delas, ligamentos e outras estruturas, podendo causar lesões agudas ou crônico-degenerativas (Kendall, 1995).
          Como fator secundário, pode ocorrer como conseqüência de uma lesão inicial. Nesse caso, destacam-se as lesões traumáticas e as neurológicas que podem facilitar ou inibir as contrações musculares de determinados músculos, como, por exemplo, é o caso da espasticidade que atinge grupos musculares predominantes, inibindo a reação de seus antagonistas (Stokes, 2000).
        Alguns grupos musculares apresentam uma predisposição natural ao encurtamento. Embora não exista uma explicação para isso, acredita-se que exista correlação com a posição fetal. Dentre os músculos que sabidamente tendem ao encurtamento, destaca-se: eretores espinhais, quadrado lombar, tensor da fáscia lata, piriforme, retofemural, gastrocnêmio e sóleo, peitoral maior, trapézio superior, elevador da escápula, esternocleidomastóideos, e escalenos; enquanto seus antagonistas diretos tendem ao estiramento (Stokes, 2000).
       O processo de instalação de um desequilíbrio muscular, normalmente, não é perceptível ao indivíduo até que suas conseqüências comecem a se manifestar, normalmente em forma de quadros álgicos e/ou deformidades. E, levando-se em consideração o complexo de cadeias musculares que compõem o corpo humano, o processo será seguido de uma série de compensações locais e a distância, transformando o problema inicial em complexo processo de reabilitação postural (Moraes, 2002).
       De forma simplificada, pode-se dizer que o tratamento dos desequilíbrios consiste em promover um reequilíbrio das cadeias musculares alongando o que está encurtado e fortalecendo o que está fraco. Vale ressaltar, porém, que o equilíbrio fisiológico de forças não é necessariamente o mesmo valor entre os grupos musculares. Por exemplo, é considerado um sistema em equilíbrio quando os isquiotibiais apresentam cerca de 70% da força do quadríceps (Kollmitzer et al, 2000; Kolyniak et al, 2004).


O MÉTODO PILATES

         Um dos recursos que pode ser utilizado com a proposta de promover o reequilíbrio muscular é o método Pilates, que consiste em uma série de exercícios físicos, os quais buscam a harmonia entre o corpo e a mente, isto é, é um treinamento físico e mental, que melhora a consciência corporal por trabalhar o corpo como um todo. É composto pelos exercícios desenvolvidos por Joseph Pilates, os quais são realizados em solo, com a bola suíça ou nos aparelhos elaborados por ele, tendo como princípios a centralização, o controle, a precisão, a fluidez do movimento, a concentração e a respiração. Os exercícios favorecem o trabalho dos músculos estabilizadores, promovendo a eliminação da tensão excessiva em determinados grupos musculares, evitando, dessa forma, as compensações conseqüentes aos desequilíbrios (Pires, 2005).
          Joseph Pilates dava grande importância à preservação da flexibilidade, isto é, incentivava o fortalecimento global, porém, desde que não a custa da flexibilidade, visto que, em algumas modalidades pode-se observar o incentivo a força e/ou hipertrofia, sem que haja compensação pela flexibilidade. Portanto, tendo essa meta, Pilates buscou exercícios que pudessem oferecer esses benefícios. A partir de seus estudos, chegou aos exercícios que hoje constituem seu método mundialmente conhecido. São exercícios que envolvem contrações isotônicas (concêntricas e excêntricas) e, principalmente, isométricas, com ênfase no que ele denominou de "power house" ou centro de força, que é composto pelos músculos abdominais, glúteos e paravertebrais lombares, que são responsáveis pela estabilização estática e dinâmica do corpo quando em equilíbrio e promovem a manutenção da boa postura (Aparício & Perez, 2005; Pires, 2005).
         Segundo os estudos já realizados (Blum, 2002; Kolyniac et al, 2004; Betz, 2005) os resultados do Método Pilates no que compete ao tratamento de desvios posturais e algias osteomioligamentares têm sido satisfatórios. Joseph Pilates atribuía estas conquistas a ênfase do trabalho do centro de força e da consciência corporal. Ele pregava que a concentração e a precisão com as quais os exercícios devem ser realizados exigem do praticante total controle e percepção de seu corpo, o que funciona como estímulos proprioceptivos de grande magnitude, os quais são responsáveis pela tomada da consciência corporal, isto é, o indivíduo passa a conhecer mais seu próprio corpo, buscando a harmonia de suas estruturas e promovendo uma melhor utilização das mesmas (Gagnon, 2005).
         Dessa forma, o método pilates é capaz de promover o fortalecimento global, melhora da flexibilidade e controle corporal, de forma simultânea.
        Para que os objetivos a serem alcançados como correções posturais ou tratamento de quadro álgicos de origem osteomioligamentares sejam efetivamente conquistados deve-se submeter o cliente a uma avaliação física criteriosa, a qual deve ser composta por análise postural completa, testes de flexibilidade, testes de força muscular e acompanhamento dos exames por imagem (Kendall et al, 1995). Através destes dados, é possível identificar os grupos musculares comprometidos, assim como as causas e conseqüências desse comprometimento.
       Identificadas as causas e conseqüências, o instrutor de pilates vai selecionar os exercícios que julgar adequados para promover o fortalecimento dos músculos com déficit de força muscular e o alongamento ou distensionamento daqueles que se encontram em estado de encurtamento, preservando o princípio de globalidade do método.
       Os resultados obtidos têm se mostrado cada vez mais animadores, tornando o método um eficiente recurso da reabilitação ortopédica e reumatológica (Gagnon, 2005; Rydeard et al, 2006).

Autor: Brena Guedes de Siqueira Rodrigues
Fonte: Site Efisioterapia.net