Artrose, escoliose e hérnia de disco são alguns dos maus do século XXI que atingem uma grande parcela da população mundial, sem poupar os mais novos ou os mais velhos.
     
 São situações clínicas responsáveis por quadros limitantes ou 
incapacitantes, os quais afetam severamente a qualidade de vida de um 
indivíduo. Diante dessa realidade, é necessário questionar qual a origem
 desses distúrbios. De fato, causas exatas não podem ser atribuídas a 
grande maioria dos casos, isto porque, normalmente diversos fatores 
podem estar envolvidos. Dentre um destes fatores, pode-se destacar o 
impacto dos desequilíbrios musculares nas articulações e estruturas 
adjacentes.
 A BIOMECÂNICA DOS DESEQUILÍBRIOS MUSCULARES
      
 Os desequilíbrios musculares tornaram-se grande alvo de estudos e 
discussões dentro da Medicina Desportiva, como prováveis responsáveis 
pelo alto índice de lesões entre os atletas. Porém, boa parte dos 
estudos que se propõem a discutir o assunto não apresentam fundamentação
 científica (Klee et al, 2004).
         O desequilíbrio
 muscular pode ser explicado pela diferença de força e flexibilidade 
entre grupos musculares que atuam sobre uma mesma articulação, isto é, 
ocorre quando determinado grupo muscular apresenta-se mais forte e/ou 
mais tensionado do que seu respectivo antagonista (Kollmitzer et al, 
2000; Klee et al, 2004; Liebenson & Lardner, 1999).
       O 
desequilíbrio pode ser fator causador ou estar associado a diversos 
fatores, como: uso inadequado, repetição excessiva, má postura, postura 
antálgica, patologias articulares, patologias musculares, contraturas ou
 aderências, déficits neurológicos, desuso ou atrofia, prática 
indiscriminada de atividades esportivas, dentre outras (Stokes, 2000).
    
 Como fator causador, os desequilíbrios ocorrem, basicamente, pela 
promoção de um desalinhamento postural por alterar o posicionamento das 
estruturas ósseas ao aproximar origem e inserção (encurtamentos); ou 
promover sobrecargas excessivas em determinadas articulações ou parte 
delas, ligamentos e outras estruturas, podendo causar lesões agudas ou 
crônico-degenerativas (Kendall, 1995).
 
          Como fator secundário, 
pode ocorrer como conseqüência de uma lesão inicial. Nesse caso, 
destacam-se as lesões traumáticas e as neurológicas que podem facilitar 
ou inibir as contrações musculares de determinados músculos, como, por 
exemplo, é o caso da espasticidade que atinge grupos musculares 
predominantes, inibindo a reação de seus antagonistas (Stokes, 2000).
       
 Alguns grupos musculares apresentam uma predisposição natural ao 
encurtamento. Embora não exista uma explicação para isso, acredita-se 
que exista correlação com a posição fetal. Dentre os músculos que 
sabidamente tendem ao encurtamento, destaca-se: eretores espinhais, 
quadrado lombar, tensor da fáscia lata, piriforme, retofemural, 
gastrocnêmio e sóleo, peitoral maior, trapézio superior, elevador da 
escápula, esternocleidomastóideos, e escalenos; enquanto seus 
antagonistas diretos tendem ao estiramento (Stokes, 2000).
       O 
processo de instalação de um desequilíbrio muscular, normalmente, não é 
perceptível ao indivíduo até que suas conseqüências comecem a se 
manifestar, normalmente em forma de quadros álgicos e/ou deformidades. 
E, levando-se em consideração o complexo de cadeias musculares que 
compõem o corpo humano, o processo será seguido de uma série de 
compensações locais e a distância, transformando o problema inicial em 
complexo processo de reabilitação postural (Moraes, 2002).
       De 
forma simplificada, pode-se dizer que o tratamento dos desequilíbrios 
consiste em promover um reequilíbrio das cadeias musculares alongando o 
que está encurtado e fortalecendo o que está fraco. Vale ressaltar, 
porém, que o equilíbrio fisiológico de forças não é necessariamente o 
mesmo valor entre os grupos musculares. Por exemplo, é considerado um 
sistema em equilíbrio quando os isquiotibiais apresentam cerca de 70% da
 força do quadríceps (Kollmitzer et al, 2000; Kolyniak et al, 2004).
 O MÉTODO PILATES
         Um dos recursos que pode ser utilizado com a proposta de promover o 
reequilíbrio muscular é o método Pilates, que consiste em uma série de 
exercícios físicos, os quais buscam a harmonia entre o corpo e a mente, 
isto é, é um treinamento físico e mental, que melhora a consciência 
corporal por trabalhar o corpo como um todo. É composto pelos exercícios
 desenvolvidos por Joseph Pilates, os quais são realizados em solo, com a
 bola suíça ou nos aparelhos elaborados por ele, tendo como princípios a
 centralização, o controle, a precisão, a fluidez do movimento, a 
concentração e a respiração. Os exercícios favorecem o trabalho dos 
músculos estabilizadores, promovendo a eliminação da tensão excessiva em
 determinados grupos musculares, evitando, dessa forma, as compensações 
conseqüentes aos desequilíbrios (Pires, 2005).
          Joseph Pilates 
dava grande importância à preservação da flexibilidade, isto é, 
incentivava o fortalecimento global, porém, desde que não a custa da 
flexibilidade, visto que, em algumas modalidades pode-se observar o 
incentivo a força e/ou hipertrofia, sem que haja compensação pela 
flexibilidade. Portanto, tendo essa meta, Pilates buscou exercícios que 
pudessem oferecer esses benefícios. A partir de seus estudos, chegou aos
 exercícios que hoje constituem seu método mundialmente conhecido. São 
exercícios que envolvem contrações isotônicas (concêntricas e 
excêntricas) e, principalmente, isométricas, com ênfase no que ele 
denominou de "power house" ou centro de força, que é composto pelos 
músculos abdominais, glúteos e paravertebrais lombares, que são 
responsáveis pela estabilização estática e dinâmica do corpo quando em 
equilíbrio e promovem a manutenção da boa postura (Aparício & Perez,
 2005; Pires, 2005).
         Segundo os estudos já realizados (Blum, 
2002; Kolyniac et al, 2004; Betz, 2005) os resultados do Método Pilates 
no que compete ao tratamento de desvios posturais e algias 
osteomioligamentares têm sido satisfatórios. Joseph Pilates atribuía 
estas conquistas a ênfase do trabalho do centro de força e da 
consciência corporal. Ele pregava que a concentração e a precisão com as
 quais os exercícios devem ser realizados exigem do praticante total 
controle e percepção de seu corpo, o que funciona como estímulos 
proprioceptivos de grande magnitude, os quais são responsáveis pela 
tomada da consciência corporal, isto é, o indivíduo passa a conhecer 
mais seu próprio corpo, buscando a harmonia de suas estruturas e 
promovendo uma melhor utilização das mesmas (Gagnon, 2005).
         Dessa forma, o método pilates é capaz de promover o fortalecimento 
global, melhora da flexibilidade e controle corporal, de forma 
simultânea.
        Para que os objetivos a serem alcançados como 
correções posturais ou tratamento de quadro álgicos de origem 
osteomioligamentares sejam efetivamente conquistados deve-se submeter o 
cliente a uma avaliação física criteriosa, a qual deve ser composta por 
análise postural completa, testes de flexibilidade, testes de força 
muscular e acompanhamento dos exames por imagem (Kendall et al, 1995). 
Através destes dados, é possível identificar os grupos musculares 
comprometidos, assim como as causas e conseqüências desse 
comprometimento.
       Identificadas as causas e conseqüências, o 
instrutor de pilates vai selecionar os exercícios que julgar adequados 
para promover o fortalecimento dos músculos com déficit de força 
muscular e o alongamento ou distensionamento daqueles que se encontram 
em estado de encurtamento, preservando o princípio de globalidade do 
método.
       Os resultados obtidos têm se mostrado cada vez mais 
animadores, tornando o método um eficiente recurso da reabilitação 
ortopédica e reumatológica (Gagnon, 2005; Rydeard et al, 2006).
 Fonte: Site Efisioterapia.net
Vale a pena ler...
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